quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

PLANETA SECO: VIDAS SECAS


O grande problema de nós, brasileiros, é que somos acostumados a gastar na fartura sem pensar nas consequências futuras. Gastamos tudo o que temos, e depois fazemos escândalo porque queremos e não aceitamos não ter nossos desejos a disposição.
Assisti a um filme (10.000 a.C.), no qual o velho sábio contava a sua tribo a seguinte história: Havia um homem que viva triste porque sonhava em possuir muito e nada tinha. Certo dia, uma águia lhe perguntou o que queria e o homem lhe respondeu que queria uma visão ampliada ao que a ave lhe concedeu.
Depois, a onça lhe fez a mesma pergunta e o homem respondeu que seu desejo era ser forte. O animal lhe deu a sua força. Um a um, os animais da floresta concederam-lhe os desejos, doando-lhe o que de melhor possuíam, segundo a vontade do homem.
 Por fim, um dia o homem voltou à natureza para pedir-lhe mais coisas. No entanto, deparou-se com o Mundo que lhe disse:
- Sinto muito, amigo, mas você já tirou tudo de bom que eu poderia te conceder, agora não mais existo, logo, não posso te dar mais nada.
Essa história me fez refletir sobre a nossa situação em relação à falta de água.  Gastamos de uma vez o que deveria ser gasto em anos, e, depois, queremos exigir da natureza que nos dê o que precisamos.
A floresta Amazônica é um dos tristes exemplos da ação devastadora do homem. Na ganância de possuir, suas árvores foram inescrupulosamente derrubadas e suas matas queimadas, de forma que parte dessa enorme área verde deixou de existir.
Nossos rios foram sendo poluídos, e hoje todos os olhares estão voltados na escassez de água que estamos vivendo. A mídia concentra sua atenção em medidas para recuperar a perda desse bem comum que é o símbolo da vida. Ninguém pode viver sem água, no entanto isso tem sido esquecido pelos governantes que só pensam em encher seus bolsos do cofre público, mas não se lembram de que colheremos amanhã aquilo que plantamos hoje.
No tempo presente choramos a falta de água, mas num futuro não muito distante, será a energia que nos faltará. A energia física, por não possuirmos mais a fonte da vida (pois sem água ninguém vive), e a energia elétrica (que é gerada por esse líquido sagrado).
Talvez você pense que ficar alguns dias sem banho ou com a casa suja não mate ninguém. Muito bem! Agora reflita: Você sujo, sem ter muito que fazer, pois grande parte de nossas tarefas diárias exigem a utilização de água, em recesso da escola (sem água as instituições param), racionando a ida ao trabalho, e... sem Tv, sem internet, sem telefone (o sagrado celular descarregado por falta de energia), tendo de ir para a cama por conta da ausência de opção e de luz elétrica.
Paremos com essa atitude de chorar o leite derramado e passemos a vigiar o ‘leite’ para, pelo menos, não desperdiça-lo mais por falta de nossos cuidados.
Coletar água da chuva, utilizar as águas desperdiçadas das máquinas de roupa para lavar o quintal ou a calçada, ao invés de utilizar mangueiras, que, segundo pesquisas, desperdiçam enorme quantidade de água, são pequenas atitudes que podem cooperar na diminuição desse desperdício.
Chega de nos equiparar ao vizinho retardado que não consegue ver um palmo a frente do próprio nariz, e sejamos o vizinho correto que inspirará os demais a tomar sábias atitudes.
Sei que o povo não pode ser o único culpado pela escassez de água, mas todos nós, nas devidas proporções temos nossas culpas.  Provavelmente, não poderemos salvar o mundo, mas o mundo só é mundo por causa da somatória de pessoas que o compõe.
Assim, cada um fazendo um pouquinho conforme suas possibilidades poderá tirar nosso planeta dessa crise seca, e ele retribuirá devolvendo-nos o líquido sagrado, fonte de nossas vidas.

Por Leila Castanha

2014

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

SOU O QUE LEIO


Quero eu crescer no intelecto, na cultura
Ver o mundo em volta, possuir a estrutura
Para com engenho em palavras desenhá-lo.
Qual janela mágica o saber a mim, abrir-se
E o  conhecimento de minh’alma, esvair-se
Com arte este mundo em palavras figurá-lo.

Quero ser completo, qual Camões, em eminência;
Galgar desses poetas, qual Drummond, a excelência,
De Manoel  Bandeira,  copiar a trajetória.
Ser simples, mas fecundo ao formar os versos meus,
Exato na linguagem:  Casimiro de Abreu.
Com arte e engenho  alçar voo rumo a glória.

Ser ávido nas letras, e veloz no entendimento;
Fazer-me experiente e possuir discernimento;
Valer-me das palavras que nos livros cultivei.
Notar as entrelinhas qual leitor proficiente;
Alimentar a alma e cultivar a minha mente,
Ser bela qual poema, em cujos versos me estribei.

Leila Castanha
2014