quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

NATAL

Imagem extraída de http://basilio.fundaj.gov.br

Natal é música, poema, alegria,
Em multicores, é contentamento,
Natal é a Deus termos gratidão,
Por enviar ao mundo a Salvação.

O querido Messias, o nosso alento!
Natal, natal! Oh bendito natal!
É oque sente todos por igual
Alegremente ao Messias cantando,
Natal das manjedouras e lapinhas,
Natal das saudações e sinfonias
que o povo está comemorando

Natal que é gozo, é luz e poesia
Natal que para alguém só é folia,
natal que alegria a toda a humanidade
Natal que eleva o grande e ao pequeno
Natal do meigo Nazareno
É o natal de toda a cristandade!


Autoria: Laerço dos Santos

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O SOFRIMENTO DE JESUS


Pai, perdoa-lhes porque  não sabem o que fazem (Lc 23.34)

Muitos comemoram o natal
Fazendo compras e até se divertindo
Mas eu me recordo de uma cena de terror
E este dia lembra-me angustia e dor
Que naquela cruz Jesus ficou sentindo

Aquele homem fazia sua glória jus
Era o filho de Deus,era Jesus
Que veio salvar a humanidade perdida
Ele já veio sabendo que iria padecer
Para a vida eterna a todos conceder
E aos que estavam mortos, Ele veio dar a vida

E ali, no jardim, calado e sombrio
De joelhos ele orava sozinho
Sua oração era sincera e aflita
E ao Pai  se pôs a suplicar:
"Pai,se possível, passa de mim este cálice,
Todavia não se faça a minha, mas sim ,a tua vontade"
E a sua voz era tristonha, e a sua angustia era de verdade

E orando, suava sangue frio.
Era sangue que corria do seu rosto!
Ele suave frio como se estivesse morto
Foi por amor que ele sangrou ali no horto!
Ele suava, assim como falava e gemia
Sua angústia era profunda, e a agonia
Era intensa e Ele chorou

Sua aflição era extensa como a morte
Todavia, Ele foi fiel e forte
E calado a tudo suportou
Foi por amor que Ele a tudo sofria
Foi por amor que Ele desceu a tumba fria
Depois de padecer tanto terror

Ele foi pregado, deixando a madeira toda ensanguentada
Tendo a sua mão toda rasgada
Pelos pregos que o feriram sem temor
Ele clamava com a face ensanguentada
Pela coroa na cabeça estancada
Que o fez clamar ao Pai:

"Eloi, Eloi, lama sabactani!"
"Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes?"
Era horrível o sofrimento que passava
Enquanto os homens dele zombava
Dizendo-lhe com infame gozação:
"Se és o Filho de Deus
Desce agora dessa cruz!"

E num ultimo esforço ouviu-se a voz de Jesus
Dizendo dentre grande aflição:
"Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!"
E com mais dificuldade, começou a suplicar:
"Pai, está consumado! Nas tuas mãos entrego o meu espírito!
E já sem forças, a cabeça tombou sobre o peito
E Jesus expirou.

E após a sua morte, os judeus o sepultaram
E alguns dos seus discípulos se amedrontaram
Por estarem sozinhos sem o seu Senhor.
Porém, ao terceiro dia, Maria Madalena e a outra Maria
Foram ao sepulcro ver Jesus
E ao chegarem àquele lugar de morte
Elas sentiram uma tristeza muito forte
Ao constatarem que o sepulcro estava vazio


E Maria Madalena pôs-se a chorar.
Mas, de repente,  apareceram anjos naquele lugar
E lhes perguntaram o seguinte:
"Mulher, por que choras?"
E ela chorando respondeu-lhe:
"Porque  levaram meu Senhor
E não sei onde o puseram!"
E ao calar-se, assim lhe disseram:
"Mulher, porque choras, quem buscas?"

E ela pensando ser o jardineiro
Respondeu-lhe em grande desespero:
"Senhor, se o levastes, dize-me onde o pusestes
E eu o levarei"
E aquele a quem falava
Com carinho a olhava e lhe falou:
"Maria!"
E ao ouvir aquela voz, num salto de alegria exclamou:
"Mestre!"

E ele lhe disse em voz mui linda:
"Não me detenhas ainda.
Ide e dizei aos meus irmãos
Que vão à Galileia e lá me verão."
E estas palavras lhes alegrou o coração.

Natal, sinônimo de nascimento
Mas também simboliza sofrimento,
Angustia, tristeza e muita dor.
Pois ao falarmos do nascimento de Cristo
Lembramos  de seu coração aflito
Pois nasceu o Rei para morrer o Salvador!

E quantos não dão o mínimo valor
A esse sacrifício expiador
Que Cristo fez no lugar da humanidade
Éramos nós que devíamos dizer assim:
"Pai, passa este cálice de mim!"
Todavia, Ele nos deu a liberdade.

Éramos nós que devíamos estar pregados,
Dizendo: "Pai está consumado!
Nas tuas mãos entrego o meu espírito"
Mas foi Ele que na cruz clamou aflito.

Foi Ele que morreu em teu lugar
Com aquela coroa a lhe furar
Mas até a morte foi fiel!
Medite nisto, meu amigo e irmão,
Ele morreu para nos dar a salvação
E garantir a nossa entrada lá no Céu!


Autoria: Leila Castanha


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

DESALENTO


http://www.jornaldaparaiba.com.br/app/uploads/2018/07/menino-de-rua-Leonardo-Silva.jpg


Menino de rua, andar solitário, face decaída, olhar bem tristonho,
Vives em desalento...
Menino de rua, sem teto, sem nome,
Descalço e sujo sentado na calçada vê a vida passar...
Não conhece as letras, nem mesmo os números, a violência, a fome e a dor
 Estes tu conheces, menino sofredor
Sonhas com um lar, um travesseiro fofinho, a cabeça a reclinar,
Sonhas tão pouco e a vida a te negar!

Liliane Castanha
2011

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

VIVENDO SEM MÁSCARA

  
   Há quem diga que viver é uma arte, talvez por isso é que muitas pessoas vivam representando como se o mundo fosse um enorme palco.
  A humanidade vive em sociedade como se todos os dias fossem á um baile à fantasia. Quando nos preparamos para ir trabalhar, estudar ou fazer qualquer outra atividade social, levamos conosco uma máscara que usamos assim que colocamos nossos pés fora da privacidade do nosso lar.
  Assim, completamente “montados” saímos para dar o nosso showzinho particular dividindo o palco da vida com centenas de outros atores, que igualmente, tentam desempenhar seu papel com a maior naturalidade possível. E claro, como todos trabalham nessa peça, temos que manter a sincronia de forma a nos sentirmos forçados a nos “adaptar” ao meio onde atuamos, digo, vivemos. Nos “adaptamos”, nos “acomodamos”, nos “ajustamos”, nos “harmonizamos”, ou seja, nos “conformamos”, afinal todos esses verbos são sinônimos. E se não conseguirmos pô-los em pratica, somos enxotados e outro é escolhido em nosso lugar. Essa é a realidade, quanto mais soubermos fingir, mais teremos sucesso para viver no meio social.
   Quando chegamos em casa depois de um dia exaustivo de trabalho, despimos nossas roupas que usamos para labutar juntamente com nossa máscara, tomamos uma deliciosa ducha e de cara limpa colocamos aquela roupinha leve e casual e, então, nos encontramos com nosso verdadeiro “eu”.
  Como seria bom se pudéssemos ser nós mesmos onde quer que fossemos! Se as pessoas parassem de mentir sobre si mesmas e se dessem a chance de aprender com os outros, enquanto que, os outros aprendessem consigo. Se as pessoas proferissem mais a frase “não sei” ao invés de usarem máscaras de intelectuais de quinta categoria (Sim, de quinta, porque a verdadeira sabedoria inclina o homem a aprender, pois ela mesma nos revela que ninguém nasce sabendo). Oxalá as pessoas chorassem quando estão tristes ao invés de esconderem suas mágoas sob a máscara da satisfação, quando sob ela está um olho inchado, e debaixo das indumentárias de personagem teatral existe um coração despedaçado. Por que usar máscara quando é tão melhor conhecermos as diferenças reais do que lidarmos com a falsidade conjunta? Quando é tão mais fácil ser nós mesmos a viver imitando comportamentos que muitas vezes nem louvamos?
   Até na igreja existe máscaras. Os pastores se fantasiam de homens sérios, literalmente falando, trancam a carranca e procuram manter uma postura de autoridade, no entanto, é só vê-los em suas casas para descobrir que muitos deles sabem sorrir, alguns até gostam de brincar e podem relaxar em frente a uma tevê, de tal forma que alguns que lhe são subalternos pegam-se tentados a pensar:“Meu pastor é bipolar, porque ele é tão diferente na igreja!”
   Pasmem, mas eles também usam máscaras. A preferida da maioria é a da “santidade”, todavia, basta chegarem em casa para tirarem-na e relaxarem vestindo a “roupa leve” da humanidade, como se ambas as coisas não pudessem conviver perfeitamente. É que, como em sua casa todos o conhecem muito bem, seria mais difícil atuarem, e por isso, a igreja, que é figurada em toda a bíblia como uma família, não conhece realmente seus irmãos e muito menos seus pastores, além da máscara que eles usam. Graças a Deus alguns ministros do evangelho já acordaram para entender que santidade é a “separação do mundo” e não “no mundo” e com esse entendimento permitem-se serem conhecidos pelo rebanho, como pessoas comuns que foram resgatados para viverem em comunhão uns com os outros.
   Sim, a vida é uma arte e o grande problema é que os homens tais como artistas estão aos poucos abrindo mão de sua autenticidade e vivem copiando as inspirações alheias. Que graça há em qualquer obra de arte se o artista se satisfaz em copiar ao invés de criar e acrescentar beleza ao que já existe? Exatamente assim é como vivem muitas pessoas que nos rodeiam: imitam os comportamentos ditados pela sociedade sem acrescentar-lhe nada e sem ao menos se darem a dignidade de julgá-los.
   Penso que Deus fez o homem para acrescentar ao próximo, e não vejo como isso pode ser feito se o mundo não passa de uma grande copiadora, transformando cada ser humano em cópias xerocadas um do outro. Deus nos fez a cada um, seres únicos, dotando-nos individualmente de capacidades impares para que somadas aos de nosso próximo pudéssemos engrandecer o mundo. Não vejo lógica alguma em termos de viver como quem precisa decorar um texto para atuar em cada lugar que formos: devemos agir e até pensar segundo o nosso meio ou nos sentiremos isolados.
   O ser humano é tão complexo, que embora tenha a tendência de querer ser o centro do universo e cada qual deseja que o outro emolde-se nele, pensando como ele pensa, agindo segundo o seu padrão de comportamento, abraçando ideias que não firam suas crenças, notamos que o homem é uma das criaturas, senão, a criatura mais hipócrita existente, uma vez que, embora queira ser a matriz de milhares de clones, ele mesmo se submete, em nome da mídia e do sistema sob o qual vive, a deixar-se transformar em simples cópia humana, vivendo sob a regência daquela e imitando as tendências que ela dita. Isso é por demais ridículo! O ser humano está se submetendo ao mesmo nível que os cães, deixando-se comandar pela mídia, e a seu comando, senta, levanta, anda e para. Não é raro ouvir-se frases como esta:
   “Hoje em dia todo mundo se utiliza de chats de relacionamento, então porque eu também não o faço”?
   “Todo mundo usa esse tipo de roupa, então porque eu também não posso usá-las?”
   Quem tem filhos adolescentes está cansado de ouvir esta frase:
   “Mas, mãe/pai, todo mundo usa, porque eu também não posso?”
   (E não adianta perder seu tempo explicando o mau gosto de quem inventou a tal coisa que “todo mundo usa”, pois só o fato de estar aprovado pela mídia, já se cria no sujeito uma dependência daquilo.)
   Porém, para quem ama a autenticidade isso lhe cai como um soco no estômago e a pergunta inverte-se: 
   “Porque eu tenho que usar isso só porque todo mundo usa?”
   Esta é a frase mais coerente a um ser pensante, já que, é claro,  gosto é algo muito individual, podendo ou não condizer com o do outro. Isso é tão natural, porque não aceitamos? Assim como nossas digitais não são idênticas, ou nossos corpos não são iguais ao de todo mundo, ou nossos cabelos, que podem ser mais crespos ou mais macios, grossos ou de fios finos, o que há de tão errado em nossa linha de pensamento e tendências serem discrepantes a de alguém?
   Por que sermos todos iguais, se o próprio Deus nos deu o livre-arbítrio? É obvio que a própria palavra presume que o homem deve fazer escolhas, então, por que não podemos escolher como agirmos, pensarmos, falarmos ou nos vestirmos sem sermos apedrejados por causa de nossas escolhas pessoais?
   Claro que em tudo deve haver moderação e ponderação, e não quero dar a impressão que liberdade casa-se com libertinagem. Mas, o que quero dizer é que dentro do bom senso deve haver democracia. O que não está certo é que os homens permitam-se viver sob o regime opressor da mídia, dizendo crer no que duvidam ou saber o que nem ao menos conhecem. Personalidade e autenticidade são duas palavras que poucos conhecem no século 21.
   As pessoas têm vergonha de não possuírem, e querem a todo custo que os outros lhe vejam como importantes, não percebendo que o preconceito inicia-se consigo mesmas.
   Os maiores reformadores e revolucionários da história foram homens com personalidade. Pessoas sem personalidade são escravas do meio onde vivem. São como mendigos que sobrevivem do sobejo dos outros, enquanto que, os de personalidade são livres, podendo construir sua própria visão da vida, sabendo respeitar as diferenças, sem, no entanto, serem indiferentes as suas próprias convicções.
   Ter personalidade nada tem a ver com ser ignorante. O sábio está sempre aberto a aprender e aprimorar seus conhecimentos. Todavia, repudiar suas opiniões por motivo de se ver engrenado em um meio, é no mínimo, pobreza de mente.
   O mundo está tão desgraçadamente cheio de hipocrisia que algumas verdades foram distorcidas, já que ninguém quer se dar ao trabalho de enfrentar questionamentos e refutações. As pessoas cumprimentam as outras mesmo não se dando bem com elas, e até deixa-lhes escapar um sorriso, porque é mais fácil dizer “oi” e sorrir, do que jogar limpo e esclarecer o que lhes incomoda, e assim, vestem a máscara da “simpatia”, quando, na verdade, por baixo dela está a “falsidade”. Simpatia e falsidade até se confundem, quando alguém “monta-se” para atuar no palco da vida.
   Outros, perguntam-lhe sobre sua vida, mascarados de “preocupação”, quando, sob ela existe “maldade”, e por causa dessas constantes atuações pelas quais somos obrigados até mesmo a participar, não conseguimos confiar em ninguém, afinal, como saberemos, se alguém não está apenas atuando?
  Seria muita ingenuidade minha querer dar a entender que mudaremos o mundo expondo o nosso  inconformismo ou até mesmo desafiando o sistema que nos rege, mas, por outro lado, é muito verdadeira a afirmativa de que quando não aceitamos alguma coisa a nossa volta, o mínimo que podemos fazer é mudar a nós mesmos, desviando-nos de fazer parte do erro, pois cada um que assim fizer estará ao longo do tempo recrutando um grande exército que, um dia, mudará, senão todo o mundo, mas uma parte dele.
   Está aí como exemplo a democracia que aos poucos vai vencendo a ditadura; as igrejas aceitando sua condição de seres humanos resgatados, livrando da prepotência de olharem-se como resgatados dos seres humanos (porque muitos se acham semideuses); a libertação da escravatura também não se deu tão  derepente e na verdade ainda está em processo, visto que existe muito preconceito racial; enfim...
   O que quero dizer, em resumo, é:
   Se não concordamos, se não aceitamos, se nos incomoda, não esperemos as pessoas decidirem mudar, façamos nós a diferença, lembrando-nos do adágio: “é de grão em grão que a galinha enche o papo”, ou seja, “a soma de cada individuo é que forma a multidão”.
   E eu te garanto que nenhum de nós está puxando a fila, o inconformismo é coisa muito antiga, tanto quanto as pessoas decididas a mudar o curso da historia, portanto, anime-se, somos apenas mais um.

Leila Castanha

A ESPERA DO REENCONTRO

  
    Quando nos separamos  de alguém que amamos muito, chegamos a pensar na hipótese de não  continuarmos mais a viver sem essa pessoa. A vida parece má e extremamente cruel por nos separar de  alguém tão essencial á nossa existência.  Quando  o ser amado se vai, suas lembranças ficam conosco nos levando às lágrimas e muitas vezes tirando o nosso sono. Memórias que doem e machucam o coração cercam a alma e ferem os sentimentos de quem ficou cheio de amor. E para piorar, em todos os lugares e em qualquer pessoa encontramos um pedacinho do ser amado, como se ele estivesse nos cercando e insistisse em fazer parte  de todas as nossas memórias. Uma camisa no cabide, um par de meias na gaveta, um livro na estante, uma toalha no box do banheiro, um gesto espontâneo de alguém, um sorriso na face de um desconhecido, enfim,  tudo nos retoma a pessoa que partiu. O que farei sem ele?” -Perguntamos com a cabeça rodopiando. “Para que continuar vivo se não tenho mais a razão da minha vida”? - Protestamos desolados.     E por mais que nos esforcemos para pensar em outra coisa nosso pensamento teima em pairar nas lembranças do nosso ente de saudosa memória. E que saudosa memória!
   Chacoalhamos a cabeça, apertamos os olhos, mordemos os lábios e todos os nossos esforços são inúteis para evitar nossa mente a tornar a pensar no nosso amor que se foi. Oh vida cruel para quem fica!... Oh dor incomparável de quem vive a separação!...
   Ainda que vejamos o  seu corpo inerte  o confundimos com a pessoa que já não está lá. Acariciamos a carcaça gelada como se fosse a pele quente e sensível do ser que passamos a vida amando. Somos tentados a não nos desfazer de nada que pertenceu ao nosso companheiro amante como se ao nos desfazer dos seus objetos, estivéssemos desistindo de sua presença em nossa vida. Agarramo-nos a todas as lembranças como quem se segura à pessoa e não a deixa ir. Sentimo-nos mal quando choramos excessivamente, porém nos culpamos quando não derramamos lágrima alguma como se a ausência delas fosse a prova de que não o amávamos o suficiente.
   Parece que ninguém sente a nossa dor, como se ela fosse nossa propriedade particular. Fomos nós que amamos, nos devotamos e  lhe fizemos companhia, portanto, a dor é absolutamente nossa e de ninguém mais. Entendemos que haja sentimentos nas pessoas, mas nenhum se compara ao nosso.
   Não aceitamos bem palavras  de “ pêsames”, porque por mais que sepultamos o corpo da pessoa querida, sua memória  é  muito presente em nossa vida. É como se houvesse uma grande briga entre a razão e o coração. A razão nos faz chorar sua perda, enquanto o coração nos diz que  tudo não passou de um terrível sonho  e que um dia vamos acordar e estaremos juntinhos ao nosso amado.
   E esta é a maior verdade que há sobre a morte: quando amamos alguém, podemos chorar a sua ausência, mas jamais lamentarmos a sua perda. Pois a morte é uma ponte que todos os seres viventes terão de atravessar, por isso quem já passou por ela nunca dá adeus, mas até logo, pois conscientes ou não, essa fila anda e nós estamos em algum lugar nela. Haveremos de nos ver do outro lado da vida.
   Portanto, enquanto não chega o nosso dia de atravessarmos para o mundo da perfeição e incorruptibilidade, devemos nos lembrar de que apesar de não pudermos tê-lo presente lado a lado, podemos senti-lo todos os dias em forma de saudade.  Não devemos lutar contra esse sentimento que sentimos, pois ele é um hábil detector de quanto essa pessoa que partiu foi importante para nós.  Assim sendo, procuremos  nos desligar da forma e nos prender a essência, deixemos as lágrimas saudosas cair para que o tempo cure a dor da separação, e lembremo-nos de viver cada dia o seu dia, apoiados pela graça de Deus e inspirados na memória de quem tanto amamos e admiramos em vida, pois essa saudade que hoje dói se tornará remédio fortificador para a nossa alma, mantendo-a sempre viva em nossa lembrança  até o dia glorioso do reencontro.

 Não quero, porém, irmãos que sejais ignorantes cerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais que não têm esperança.
Porque se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com eles.(1 Tessalonicenses 4:13.14) 


Leila Castanha
25/06/2012

domingo, 13 de janeiro de 2013

ATÉ QUANDO, SENHOR?


Até quando, Senhor o olhar vazio
De meu profundo meditar atordoado
Há de  fazer minha’lma triste e vencida
Pelo velho coração desalentado

Até quando, Senhor,  verei o mundo
Com os olhos de poeta  exilado
As mãos em gestos vigorosos protestando
No meio de um povo conformado

Até quando, Senhor,  serei sozinho
Embora de tantos seja rodeado
Chorando a escravidão  do oprimido
E este  se achando libertado

Até quando, Senhor,  verei a vida
Com lentes de extrema claridade
Para ver a gente pobre sucumbida
Acreditando viver em igualdade

Até quando sofrerei  o pensamento
De trazer luz ao fim do túnel da arrogância
Se as mentes já perderam a clareza
Vendadas pelas mãos da ignorância

Até quando me darás o entendimento
E porque me manterás tão acordado
Se vivo em meio a gente adormecida
Com o seu trajeto e fim determinados

Até quando me darás a luz intensa
Da Palavra que orienta o proceder
Para vê-los engolidos na imprudência
preterindo a alegria por  prazer.

Por que me acordar se todos  dormem
Vencidos pelo sono da indolência
Por que falar a mentes xerocadas
Guiadas pelas rédeas da demência

Até quando, Senhor, o homem existe
Sem entender de fato a existência
Desperta a humanidade enquanto é  tempo
 Recuperando ao homem sua essência!

Ou Deixe-me dormir envolto ao ócio
Deitar-me ao aconchego do descaso
Ser eu sem importar-me com o outro
Deixando-os caminhar rumo ao ocaso

Leila Castanha
01/2013




sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

LEVANDO A VIDA



Compreendendo a música “Deixa a Vida me Levar” do célebre cantor Zeca Pagodinho, porém ao entendê-la sentido mais profundo da palavra, acho uma expressão pouco feliz.
A primeira vista nos traz uma impressão de leveza e descontração o fato de não nos preocuparmos com a direção que nossa vida tomará, restando a nós apenas curti-la. Porem, ao pensarmos nas responsabilidades que nos cabe ante ao trajeto de nossa vida, a realidade é bem diferente da que nos parece aqui. Penso que nós somos os maiores responsáveis pela condução de nossa vida, sendo assim, é responsabilidade nossa direcioná-la da melhor maneira possível.
Todos nós somos responsáveis por nossos atos e condutas, assim como de nosso sucesso ou insucesso na vida. Ninguém é capaz de nos conduzir por um caminho se primeiramente nós mesmos não nos despusermos a seguimo-lo. Não posso ser um bom professor, por exemplo, se eu não me dedicar aos estudos e práticas necessários para tal.  Quero dizer com isso, que a vida não há de me levar a pedagogia se eu não me ativer a chegar lá, através da persistência e aproveitamento das oportunidades.
Tá certo que há pessoas que tiveram sorte e as oportunidades parecem ter batido a sua porta, mas mesmo esses se não se ativerem a agarrar essa oportunidade e não se dedicarem a essa conquista, estarão fadados ao fracasso.
Acho que o único modo em que a vida pode nos levar é nos mostrando qual é o nosso talento para que a partir daí nós a conduzamos com muita firmeza e raça. Quanto mais garra tivermos para levar nosso dom adiante, mais sucesso alcançaremos nesta vida, doutro modo, a vida nada poderá fazer em nosso favor.
Esse deve ser o lema daquelas pessoas que se entregam a bebida achando que a garrafa resolverá seus problemas. É como se, alienando-se da vida, ela o conduzirá a algum lugar, mas a verdade é que todos que assim pensam mais adiante perceberão o quanto estão perdidos.
A vida pode tomar vários rumos, e assim como um barco sem os lemes, é levado para qualquer direção podendo ser lançado para bem longe do seu curso, assim são aqueles que rejeitam a razão e dão as circunstancias a direção de sua vida.
Portanto, meu lema, olhando essa frase sob um ângulo mais aprofundado penso que devemos conduzir a nossa vida com responsabilidade e seriedade, para que ela não nos leve a caminhos indesejados.
Deus nos concedeu a vida para ser ativamente vivida e não para cruzarmos os braços e assisti-la passar, desinteressadamente.

Leila Castanha

13/03/2011



SOU PIRAMBOIA



Piramboia: do tupi pi´ra, peixe + moia, cobra. A piramboia é um peixe que possui a habilidade de nadar de frente e de ré. Daí então me acho parecida com esse bicho da água doce.
Além de ter  a oportunidade de conhecer alguém que nada como esse peixe, o que não é privilégio de muitos, sou alagoana nascida no nordeste, criada por pais nordestinos e casada com um pernambucano, pelos quais aprendi que pra viver a vida difícil de um nordestino pobre, precisa-se de habilidade pra não morrer tragado pelas adversidades do mar dessa vida.
O camarada nordestino é muito habilidoso. Sabe de tudo um pouco. É só percorrer os grandes centros das cidades brasileiras pra se ter a noção de quão piramboia é o brasileiro, especialmente os do nordeste do nosso pais.
Sempre havemos de encontrar um cabra arretado tentando ganhar dinheiro com um de seus malabarismos ambulantes: fantoches, mimicas, piadas, ilusionismo, música, imitações, enfim. Lá está o nordestino cheio de ideias malucas e brilhantes pra tentar a sorte de todos os lados: quando não dá pra andar pra frente, lá vem ele de ré, mas sem perder seu charme. Tenta daqui , tenta de lá, até que alguma coisa dê certo e ele consiga se firmar no esquema da vida.
Sou como tantos outros um piramboia style: sei me virar de todo lado. Quando a situação me permite dou minhas braçadas à frente e avante, mas também sei me retirar de marcha à ré, quando percebo que o mar não tá pra peixe.
A vantagem de ser um piramboia é que você pode olhar de ambos os lados, dificultando assim ser surpreendido. Deslizamos como uma cobra pra sair de alguma enrascada, e muitas vezes podemos nos anteceder aos nossos adversários, que na maioria das vezes estão ligados a matéria. Driblamos a fome com o bom humor do nordestino que é perito em contar suas piadas; Enganamos a tristeza cantando nossos repentes e nosso forró arretado. Ignoramos nossa falta de espaço no meio social, levando ao povo nossos produtos caseiros e nossa arte em público.
 Ser um piramboia style é nada mais que o estilo de se virar para frente e para trás com a mesma habilidade. É saber tocar conforme a música sem ter que pagar mico. É conseguir ter o discernimento de quando e onde podemos atuar no palco da vida. Ser um piramboia style é saber mergulhar e se elevar com a habilidade de um peixe e a astúcia de uma cobra.
Ser um piramboia é aprender a respirar dentro da agua do mar da vida, e quando seus pulmões esgotarem o ar, elevar-se até a superfície e receber o assopro Divino. É saber estar em baixo e conviver com os demais de sua espécie sem se esquecer de ser aquilo que sua natureza o moldou.
Piramboia style é o nome de todo aquele que conhece seu potencial, mas continua sendo o que é: um artista vivendo no malabarismo no grande palco do mundo, andando todos os dias na corda bamba sem deixar a peteca cair.

LEILA CASTANHA
2010

CRENTES PENTECOSTAIS



Não gosto da bagunça que presencio nos cultos de adoração a Deus nos templos pentecostais. Na verdade, fico tristemente angustiada por ver que os cristãos não tem compreensão do texto auto esclarecedor do apóstolo  em  sua primeira carta aos  coríntios  (14:26-40), o qual trata da ordem no culto.
Há séculos, o apóstolo Paulo dissera a esses irmãos que deviam ter ordem e decência no culto, pois a falta dessas virtudes trariam escândalos aos que não compreendem a graça divina, todavia, até hoje alguns crentes insistem em confundir barulho com poder de Deus.
Agem em êxtase como se o grito e o chamado “retetê“ fossem renovar a fé e proporcionar-lhes alegria espiritual.  Fico extremamente perplexa em observar quantos cristãos fecham os olhos a este texto claro e enfático do apóstolo aos gentios, para sentirem-se autorizados a “extraviar suas emoções” em nome do poder divino.
Não sou cética quanto ao batismo e o falar em línguas, antes, creio que o Espírito ainda atua tal qual no Pentecostes, porém não devemos usá-lo, nem passar por cima  de suas instruções de que “o espírito é sujeito ao profeta” e que “se não houver intérprete fale consigo mesmo e com Deus” – (1 Co 14:28,32).
Por causa dessa falta de ordem nos cultos cheguei a ficar envergonhada de levar visitantes indoutos a minha igreja, de tal maneira que pensei em deixar  esta fé pentecostal, livrando-me assim dos excessos, e unindo-me a omissão.
Então, um dia abri meu coração a Deus e expus-lhe minha agonia. Sabia que isso estava errado! Lancei minha ansiedade aos pés do Todo-Poderoso e contei-lhe o quanto foi difícil ouvir a mensagem bíblica proferida pelo pregador, engolida pelas vozes e sapateados naquele culto “fervoroso”.
E na conversa com Deus, me liberei em confissões e súplicas sobre esse mal entendido dos crentes hodiernos, e confessei-lhe minha decisão em sair daquele grupo “pentecostal”, mas ao lembrar-me de sua Palavra na qual Ele revela que seu povo foi destruído por falta de conhecimento, mudei meus pensamentos de me recolher dentro da minha razão e escolhi seguir em frente repetindo as palavras paulinas aos ouvidos atentos: “Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” e “Faça-se tudo com decência e ordem”.(I Coríntios 14, 37, 40).
E, assim, aliviada por não fugir ao meu dever de mensageira, poderei dormir recitando  em minha mente as palavras do apóstolo João: “Quem tem ouvido para ouvir, ouça!”

Leila Castanha
2013

IGREJA DE CRISTO?



Fico pensando sobre a condição atual da igreja de Cristo. Ultimamente estamos precisando de uma lupa espiritual para conseguir detectar onde está a Igreja do Senhor na Terra.
Outro dia assisti a um filme em que Jesus andava pela Terra e ficou bastante decepcionado com a atitude anticristã da maioria dos que se chamavam cristãos. A começar pelo pastor que estava decepcionado com Deus por ter permitido que sua família morresse em um acidente de carro, e a partir de então, ele cumpria sua tarefa ministerial como mero ofício e de má vontade.  
Outro membro da mesma igreja preocupava-se mais com seu lucrativo trabalho, que na condição de dono de um jornal, publicava indiscriminadamente todo tipo de reportagem, desde que lhe rendesse lucros. Um jovem também cristão que tinha um maravilhoso talento de cantar, estava tentado pela oferta do mundo que lhe prometia fama e sucesso. Jesus, que se manifestava como um forasteiro foi expulso por alguns deles, porque não tinha dinheiro nem aparência, foi-lhe negado trabalho e ninguém lhe deu o que comer ou se preocupou em como ele ficaria naquela situação difícil, em uma cidade estranha. A única coisa que esta igreja não fazia era colocar o reino de Deus em primeiro lugar.
Na verdade, não acho essa história tão distante da nossa realidade. Já podemos contar com denominações no meio cristão para todo tipo de gosto. Há igrejas que focam suas mensagens no sucesso financeiro, ensinando que este é o sinal de que Deus está em suas vidas, discriminando assim os pobres que estão em seu meio, talvez porque se todos alcançarem o sucesso financeiro tira dos ombros de seus ministros o dever de cuidar dos pobres, órfãos e viúvas em suas necessidades.
 Há outras que baseiam sua crença em milagres. Sem milagres, creem eles, não há a presença atuante de Deus que, segundo sua fé, resume-se em um “Deus de Milagres”. Se não houver  mudanças miraculosas exteriores, não houve milagres: esperam impacientes que cegos vejam, mudos falem, cancerosos sejam curados, enfim. O problema é que enquanto  pedem que o Senhor abra os olhos aos cegos, os próprios sofrem de miopia, enxergando as Escrituras de maneira embaçada, torcendo assim seus ensinamentos. Enquanto concentram suas orações e doutrinas na cura do corpo, suas almas clamam por manifestação divina. Buscam tanto a cura física, que seus espíritos ficam desnutridos e muitos morrem na fé por falta de vitamina espiritual apropriada.
Outros se preocupam tanto com a apresentação exterior que pensam que aquilo que veste é o que realmente os transforma em cristãos verdadeiros. Devido a tais suposições é que se veem crentes sendo identificados pelas roupas, pelo tamanho de seus cabelos, e pela "simplicidade" exterior, não sabendo eles que Deus julga os corações, e não a aparência.
Há centenas de igrejas que moldam seus sermões para inculcar nos crentes o grande valor que se tem em servir a Cristo. O problema é que cada qual vê algo diferente como especial e indispensável para servi-lo:
"Busquem a paz e siga-a" -  dizem alguns pregadores baseando-se na Palavra de Deus.
"Sejam pacientes e suporte ofensas" - Dizem outros em suas doutrinas, escolhendo a longanimidade como ponto essencial do cristianismo.
"Tenha fé" - apregoam outros, justificando que sem ela é impossível agradar a Deus.
 "Alegrai-vos no senhor" - Propagam ainda outros - " e em tudo lhe dai graças, porque esta é a vontade de Deus" - Defendem em seus sermões.
Enfim, são muitas mensagens, em muitas igrejas, embora todas bíblicas cada uma é tirada como a principal lição do mestre.
E apesar de termos tantas igrejas e tantos bons ensinamentos reparamos que os pobres continuam desprezados, aliás, muitas igrejas tem o hábito de visitar seus necessitados de mãos vazias; os enfermos continuam ao “deus dará’, inclusive, há os que visitam tais pessoas sem ao menos terem o senso de oferecer-lhes ajuda material, como se suas visitas resolvessem todo o problema que estas pessoas sofrem.   Ainda há os que querem apaziguar  o coração dos aflitos sem ter sequer paciência de ouvi-los. Daí me convenci de que há algo errado nessas igrejas que oferecem muito e não fazem nada.
Sendo suas mensagens tiradas do Livro Sagrado, suas doutrinas são verdadeiras, restando então crer que seu alvo é que está direcionado erradamente. O que falta a essas pessoas que deveriam representar Cristo na Terra?
Será que lhes falta zelo pelo trabalho cristão? Será que o problema é a falta de prazer no que fazem? Será que é dedicação que não possuem? Não, tudo isso é consequência de algo maior que falta na igreja atual. O maior mandamento de Cristo.
“O maior mandamento é esse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo semelhante a este é: amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem a lei e os profetas. (Mt. 22.36.40)
É isto o que falta nas igrejas. Elas têm tudo, mas o maior mandamento não está sendo observado: falta-nos o amor.

Leila castanha
04-11


SENTIMENTOS



O ser humano é cheio deles. Às vezes são reconhecidos como bons, e às vezes como ruins. Os sentimentos é que nos faz perceber de forma mais clara a nossa recepção sobre algo ou algum momento pelos quais passamos.
A alegria é a meu ver o melhor dos sentimentos, visto que nos faz sentir bem estar e uma sensação de positivismo. Ela nos faz ver o mundo mais colorido e acentua melhor o gosto pela vida. Uma pessoa feliz tende a ser alguém alto astral, do tipo que enfrenta as situações difíceis com boa ótica, tirando proveito do bem que lhe resta.
O triste, no entanto, tem uma visão embaçada da vida, é como alguém que vê a sujeira na vidraça do vizinho sem se dar conta que é a própria janela que lhe turva a visão, daí pelo fato de sua alma ser triste, ele não consegue ver beleza em nada do mundo exterior. A tristeza é um sentimento que traz pesar e dificulta os passos, enquanto que a alegria traz leveza ao coração e ânimo para prosseguir.
Outra coisa interessante sobre esses sentimentos é a posição oposta os quais se apresentam. Quem é feliz sorri á toa, enquanto que o triste tem muita dificuldade para mostrar um sorriso. Então, daí subtende-se que o sorriso franco é o reflexo de um coração alegre, enquanto que o sorriso amarelo é a fotografia de uma alma em tristeza.
Existem muitas situações diferentes que promovem tanto um como outro sentimento nas pessoas, mas acima das situações, as emoções são um tanto complexas, visto que nem tudo que causa alegria em alguém é o motivo de celebração para todos. Todavia, independente de idade, sexo ou classe social todos hão de compartilhar de momentos recheados de alegrias ou tristezas, por isso é importante que façamos uma breve reflexão sobre o que vem a ser esses sentimentos embutidos no ser humano.
Para o coração alegre os pingos de chuva que caem o levam a uma nostalgia saudável, transportando-o a momentos acalorados nos braços de um amor antigo ou ao pé de uma mesa onde lhe eram servidos um bom chazinho quente e um delicioso pedaço de bolo ainda esfumaçando. A alegria sempre há de nos transportar a lugares seguros e a águas tranquilas.
Quanto à tristeza, ela só nos leva a lugares sombrios e geralmente acaba por nos fazer chorar. Joga-nos na cama indispostos e desgostosos com tudo quanto nos cerca, e faz dos menores problemas um verdadeiro quebra-cabeças. Para o coração triste, os pingos de chuva são reparados como um motivo a mais para sentir-se desolado e só. A tristeza rouba o nublado do tempo e o leva para dentro da nossa alma, e tudo o que vemos são nuvens que escondem a beleza de um dia maravilhoso. Não é o molhado da chuva que tira a beleza da paisagem, mas as lágrimas da alma que não nos deixa ver as coisas com nitidez. Não é a chuva em si que nos faz sentir sozinhos, mas as torrentes de pesares que a tristeza gera, que prendem nossa imaginação e a enclausura para que não possamos visitar ambientes e momentos mais alegres no recôndito de nossa memória.
A alegria nos torna positivos e dinâmicos, enquanto que a tristeza traz consigo um ar de negativismo e desanimo para quem a sente. O coração feliz recebe saúde para todo o corpo, enquanto que o coração triste é um imã que atrai todo tipo de enfermidades. Todas as situações exteriores nas quais nos envolvemos vão influenciar a nossa alma, que a partir dai enviará para o nosso coração o sentimento adequado a nossa recepção, assim também, é em relação ao nosso corpo, toda a informação da alma é transmitida para ele que transformará isso em algo bom ou ruim: Um sorriso feliz ou um franzir de testa preocupado, um coração saltitante ou cortado pela dor, mãos empolgadas ou trêmulas e frias, olhos arregalados e brilhantes ou cerrados e lacrimejantes... Nosso exterior é o espelho onde nossa alma é refletida.
O que vem a ser a felicidade?
Penso que ela pode ser definida como o reflexo de um coração satisfeito, preenchido por suas necessidades básicas. Felicidade é o estado em que o ser humano alcança o estágio da satisfação parcial e beneficiada por seus sintomas, tem força e vontade de prosseguir em busca de novas conquistas que sempre renovarão as suas alegrias. Alegria completa a meu ver, é conquistada todos os dias através da ação do homem de em cada momento renovar a sua felicidade, ou seja, felicidade é uma busca constante.
O que vem a ser a tristeza?
 Para mim, tristeza, é o sentimento que traz desconforto e desprazer no coração. Àquela sensação de apatia e desgosto pelas coisas corriqueira ou nova, que nos faz sentir um aperto no peito e um vazio na alma. Tristeza é uma sensação terrível que nos puxa sempre para baixo e nos faz sentir menosprezados.
Penso que tristeza, em primeiro lugar, é a ausência de alegria. Em um mesmo coração não pode coabitar os dois sentimentos simultaneamente, mas pode cada qual ser substituído pelo outro, portanto, a tristeza é um sentimento ruim que está sempre a espreita de alcançar um coração preguiçoso que não se dá ao trabalho de correr à procura de sua felicidade.

Leila Castanha

22/03/2011

DONA MORTE






Ela é um mistério. Acho que o maior de todos os mistérios, visto que todos quantos a conheceram não puderam voltar para nos contar. Chamada por alguns de eternidade, por outros de sono eterno e por outros de a viagem sem volta, a morte é algo intrigante, e, cada vez que alguém tenta desvendá-la é como se entrassem num labirinto, pois  saem de suas pesquisas mais confusos do que quando entraram.
E o mais intrigante da morte é que ela será desvendada por todos, mas só no seu devido tempo, um tempo que, aliás, ninguém quer que chegue. Até mesmo aquelas pessoas que se desgostaram da vida pensam um bocado sobre o fato de enfrentarem a realidade da morte.
O ser humano é o inimigo número um dos mistérios. Não conheço raça mais curiosa que o ser humano. Ele quer saber de tudo para ter domínio sobre tudo, mas, com a Dona Morte ele ainda não pôde, porque maior que a curiosidade humana é o seu mistério.
Às vezes ela chega em silencio na noite adormecida e leva um  e outro, as vezes chega precedida por gritos e ais, vez por outra dá uma rasteira em algum infeliz fazendo-o ter uma queda fatal, e, as vezes, rejeita esse e aquele como quem acha que não chegou ainda a sua hora de acompanha-la.
A morte parece ser a irmã rebelde da vida. Ambas são brigadas e opostas, de forma que quem pede a morte é porque por algum motivo despreza a vida. Alguns desejam morrer achando que abrindo mão da vida acharão descanso, afinal o corpo fúnebre parece tão quieto e sossegado... Outros fogem dela com o temor de que ela os conduza a algum lugar onde terão de pagar seus erros em vida.
Na verdade como o homem não consegue desvendar a morte ele tenta dominá-la por conjecturas e suposições, e na maioria das vezes ela continua sendo entendida como a maior inimiga da humanidade, como vilã, porque o homem teme o desconhecido e a Dona Morte é um grande ponto de interrogação na mente humana.
Algo que todos conhecem sobre a morte que a faz ser vista como vilã é também o fato dela levar nossos queridos pra longe de nós, sem nos dar o direito de ao menos visita-los. Muitos visitam os túmulos onde foi depositado o corpo inerte de seu conhecido, mas a sua pessoa, Dona Morte carregou pra muito longe deles. E o pior é que não temos certeza de qual foi o fim que ela lhes deu: estarão bem, estarão sofrendo, estarão nos vendo, estarão dormindo? E a morte, todos os dias elabora sua chamada, ceifando a vida de um e de outro sem ao menos nos dar satisfação. Quem quiser vê-la falar terá que acompanha-la para uma viagem sem volta e deixar os que ficarem chorando sem respostas.
Porque será que somente os saturados e infelizes buscam a morte, enquanto que as pessoas que vivem felizes amam a vida? Será que ela é realmente o polo inverso? Alguns pensam que a morte é o fim de toda a existência, do tipo, morreu, acabou. Há, porém os que creem que ela é a condução para outra vida, acima desse plano terreno. Todavia, tanto um quanto o outro tentam evita-la, e isso prova que ninguém tem certeza de nada, conjecturas e nada mais é a base do nosso entendimento sobre essa coisa misteriosa chamada morte.
A morte nos parece uma coisa mal educada, que chega sempre na hora inoportuna e persegue aqueles que nada querem com ela. Parece uma pessoa brincalhona que adora nos dar sustos, e depois gargalha ante nosso suspiro aliviado: Ufa! Foi por pouco! Esse “pouco”, nada teve a ver com nossos atos de heroísmos, mas com o fato dela resolver não nos incluir em sua lista macabra.
O que é a morte, realmente? Será que ela é nossa inimiga ou estamos temendo algo que é bom para nós? Se todos aceitamos a vida mesmo sem termos pedido para viver, porque não aceitamos a morte embora não peçamos para morrer? Perguntas e mais perguntas e interrogações sem fim cercam todo assunto referente a esse tema, e a Dona Morte não para um minuto sequer para nos dar uma explicação para abrandar nosso medo.
Pessoas ativas não gostam da ideia de um sono eterno, todos quantos tem entes queridos odiariam separar-se deles no dia, hora e momento que não escolheram para fazerem uma viagem sem volta. Vemos então que a morte não pode agradar a todos, aliás, ela desagrada muito mais que agrada. Gostamos de fazer planos sobre todas as nossas decisões, gostamos da vida adulta porque temos poder sobre nossas escolhas e aí Dona Morte vem sorrateiramente e muda todos os nossos planos como se ela tivesse o direito de decidir por nós, a despeito da nossa vontade.
Particularmente, vejo a morte como uma punição de Deus ao homem infrator de suas Leis. Todo castigo genuíno traz tristeza temporária, nos priva de algum benefício, e a morte é exatamente isso, é o ponto final pra nossa existência terrena, não que estejamos sendo punidos por nossos atos recentes, mas pelo pecado original que se iniciou no Éden e fez toda a raça humana refém. Assim como um dia o pecado ceifou o sonho de Deus em relação ao homem, a morte nos ceifa os sonhos atuais e interrompe nossos planos futuros.
A morte é algo tão ruim para a humanidade aceitar que a promessa de Jesus é de que um dia a venceremos e a sua oferta ao homem é de lhes dar a vida eterna.
A morte é bem parecida com o nascimento. Ninguém entende a vida, como um ser é formado e chega ao mundo, e, ninguém entende, igualmente, como alguém pode subitamente ser tirado dele. No nascimento, ninguém sabe prever quem é a nova vida que virá ao mundo, e na morte, ninguém pode prever quem a pessoa que sairá dele.
Ainda que os homens tentem ter o controle sobre quem vive e quem morre, sempre haverá surpresas. Alguns, milagrosamente escapam da morte, enquanto outros subitamente são alcançados por ela.
Eu só tenho certeza de uma coisa sobre a morte, isto é, que eu não tenho pressa de desvendar o seu mistério. E você?

Leila Castanha
2011

FELIZ ATÉ ONDE DÁ


Não acredito em felicidade completa. Pra gente ser feliz dependemos não só de nós, individualmente, mas, das pessoas que nos cercam, especialmente, àquelas com as quais convivemos.
Se alguém é casado, por exemplo, sua felicidade depende, em parte, do seu cônjuge. Pense em uma situação em que você está cheio de boa vontade e seu cônjuge não coopera ou que você esteja tranquilo e seu (a) companheiro (a) esteja promovendo um “inferninho”. Como você poderá ser feliz, a despeito da situação em que está inserido?
No caso de um pai ou mãe, parte de sua felicidade dependerá das atitudes e comportamentos de seu filho. Como se sentirão felizes, quando assistem sua prole cruzar a linha da marginalidade, drogas ou qualquer outro tipo de rebeldia? Certamente, seria hipócrita a afirmação de que esses pais sejam completamente felizes.
Alguém que consegue o trabalho tão desejado, embora feliz com a realização, sua completa felicidade dependerá da atuação conjunta com os demais colegas de profissão. Se não houver, no mínimo, um entendimento profissional entre eles, a alegria daquele estará comprometida, porque lhe faltou o bem estar no ambiente de trabalho.
Por isso digo que nossa felicidade pra ser completa depende, em parte, de outrem, e ninguém pode ser feliz por si só independente do que acontece em sua volta. Nossa felicidade é condicionada, e, o problema é que as pessoas, que são indispensáveis pra essa realização, são todas elas, imperfeitas. Como, porém, conquistamos a plenitude se lidamos com o finito e falho? Como seremos completos, se todos nós sofremos variações de gostos, pensamentos e ideais?
Não concordo com quem pensa que felicidade não existe, mas também discordo de quem acredita que nessa vida podemos gozar a felicidade completa; de quem acha que podemos atingir o limite de estarmos tão satisfeitos á ponto de dizermos aos nossos anseios: - Basta!
 Sempre haverá um vazio a ser preenchido no coração do ser humano. Nada por mais realizador que seja será capaz de nos dar a sensação permanente de satisfação total.
A vida é uma busca constante: quando bebê, buscamos andar com segurança, mais tarde, já tendo aprendido a andar, ensaiamos correr, até ficarmos peritos em nossas carreiras, e um dia o homem deseja desesperadamente voar (daí o avião como minha testemunha). Há algo no ser humano que o faz querer e querer... Há algo que o impele a sempre desejar mais do que o que conseguiu. Por isso, quando o rapaz se casa ele sente-se completo, até sentir falta de um filho, ou até mesmo da sua liberdade perdida.
Penso que felicidade não é quando temos a sensação de estar completos, mas, quando sentimos que estamos satisfeitos. Vou tentar explicar o que quero dizer: Sabemos que estamos saciados, não porque não conseguimos mais comer, mas porque sentimos que não necessitamos mais do que aquela porção que comemos.  Satisfação, aqui, não é a ausência de vontade, mas a consciência de que não precisamos mais que aquilo.
Pra mim, ser feliz, é quando, a despeito do nosso vazio interior podemos olhar a nossa volta e nos sentir bem. É quando, apesar da nossa vontade de “comer” mais, conseguimos detectar que estamos saciados. Ser feliz é quando, após somar cada situação em que nos envolvemos (amizade, família, trabalho, enfim), temos a certeza que dá pra tocar a vida pra frente. 


Leila Castanha

Fevereiro de 2011