sábado, 31 de agosto de 2013

SENHORA

                                                    





                                                     
 Jamais te esquecerei, Estrela viva e bela!
Teu brilho sempre  ofusca a minha pequenez!
Teu corpo me atrai, esguio qual gazela
Teu seios a  instigar-me mais vil insensatez


Porém, nunca me coube tocar tanta beleza!
Não pude vislumbrar teus lábio a sorrir-me!
Nascer com sangue azul correndo em tuas veias
Foi a cruel façanha para desiludir-me


Mas deste chão amigo eu pude aprecia-la!
Sorri vendo em teus lábios o mais sutil sorriso
Chorei ao ver teu rosto fechar-se a dor da vida
E quis em meu regaço levar-te ao paraíso


Qual noite enegrecida em dias de nevasca
O teu amante vil tua luz sempre ofuscava
Teu choro entre soluços a vir enlouquecer-me
Em mar de humilhação meu ego ele afogava


Porém, nunca ousei entrar à tua face
A mim, não me cabia dar rumo  a tua vida
De fora, pra calar as dores de teu pranto
Cantei tua canção qual beijo na ferida


Porém mui fraco fui, temendo a tua glória
Ao meu amor secreto, loucura se acrescia
Pensei ao vil  amante   cortar-lhe a existência
Meus punhos com vigor na face  atiraria


Porém pensei na sorte que a mim jamais aprouve
E assim eu retomei a minha consciência
Prendi com fortes elos a sede de justiça
Não pude então vingar-te a dura experiência


Não temas, oh Senhora, meus sérios desatinos
Não julgues a loucura exposta de meu peito
Guardeio meus desvarios no selo desta carta
E a morte me aguarda a beira do meu leito


Eu sei que nosso amor jamais fora possível.
Porém o coração não dobra-se à mente
Não pude confessar-te o anseio proibido
Porém me dediquei te amar secretamente


Assim, já moribundo e  entregue a morte fria
Confesso não temer que chegue a minha hora
Contanto que na morte eu possa amar-te ainda
Com a mesma intensidade  que amei-te até agora.



Leila Castanha

2013

AUTORRETRATO



DOR... DOLORIDA, DOLOROSA
AGUDA, CRÔNICA, CUTÂNEA, VISCERAL, SOMÁTICA.
DÓI NO CORPO, NA ALMA;
NO VERSO, NO REVERSO, NO INVERSO.

SOIS A SOMBRA DO MEU CORPO,
O ALGOZ QUE ME CONSOME
SE SOME DEPOIS VOLTA...
SOMBRIA, CRUEL E REVOLTANTE.

NA ALMA TRAZ A ESCURIDÃO.
EXTINGUES A FORÇA VITAL,
TORTURAS ATÉ O CHÃO.
IMPIEDOSA, SEM AMOR.

DEVERIAS SER CARMIM;
SANGRAS O CORAÇÃO
DESOLAS A ALMA
DEIXAS A MARCA DO TERROR.

TOMASTE CONTA DO MEU CORPO.
QUERES ESGOTAR MINHA ENERGIA,
TIRAR A FORÇA DO RECOMEÇO
A ALEGRIA DE ESTAR VIVA...
MESMO COM AS ENTRELINHAS.

Liliane Castanha
 
21/08/2013

domingo, 18 de agosto de 2013

CONFIANÇA




Tua graça a mim basta
Nos invernos gélidos
Das noites longas e frias.
Só tu me aqueces;
Meu coração em agonia.

Nos outonos da vida,
Despida de alegria,
Só tu és meu socorro
Quando estou em nostalgia.

Tua graça a mim basta, Senhor.
Pois sei que me socorres
Nos momentos de horror;
Das dores cruéis
Que insistem esmagar os meus ossos,
Torturar minha mente, dilacerar meu coração.

És primavera para meus anos,
Trazendo-me alegria, perfeita paz.
Mesmo que o outono insista,
O inverno teime em chegar,
És esperança pra o coração
Desconsolado e aflito.
A mim, tua graça basta, Senhor.

Tua companhia, me traz alento;
Qual dia de verão, aqueces meu coração
Que já pode descansar...
Sei que não é utopia,
Sinto sua presença acalentando meus dias,
Assim sigo confiante
Que só tua graça a mim basta, Senhor!


Liliane Castanha
01/08/2013

sábado, 3 de agosto de 2013

A VIDA DOS OUTROS


 
Como é bom fazer o bem ao próximo

Quanto mais se ele a nos for bem chegado.

Expulsar um olhar triste e aflito

E caprichar um sorriso nos lábios que estão cerrados.

 

Como é bom cooperar para o bem alheio

Sentir em nossa pele a dor da outra alma

Diminuir as rugas, projetos da ansiedade,

E ao coração revolto restaurar-lhe a doce calma.

 

Como é agradável dar voz a quem não mais fala

Reprimido pela culpa de nunca se sentir ninguém

Subir a estima ao pobre pela escada do elogio

Até vê-lo junto aos outros se enxergando como Alguém.

 

Quão delicioso à alma é erguer o que caído,

Em seu leito depressivo a espera estar da morte

Vê-lo aos poucos levantar-se e afastar-se do Calvário

No caminho da esperança pô-lo em busca de outra sorte

 

Como é bom ter energia e a mente preparada

Para cuidarmos daquele que sozinho, enfermo jaz

Trazer-lhe um ombro amigo para chorar  suas dores

E no meio da agonia, dá-lhe um pouquinho de paz.

 

Como é louvável e grato trazer ao povo esperança

Cada mão que ao outro estende tira alguém do poço fundo

Cada qual que em sua vida, vive um pouco a do outro

É um elo de esperança para salvar este mundo.

 

Leila Castanha

08-2013