terça-feira, 30 de abril de 2013

LOUCURAS DO AMOR





Um objeto sobre o sofá da sala, do tipo que já estou acostumada a ver. Um livro. Comum como qualquer outro que já vi. Olho para ele e fixo o meu olhar para entender melhor o que vejo. Sim, é um livro. Não, não é apenas um livro. É o livro. O livro dele. Aquele objeto que passou por aquelas mãos grandes e másculas, e que por vezes foi carregado repousando sobre o seu peito.
Sim, aquele peito no qual eu desejava me reclinar. Olho para os lados. Ouço passos e recuo. Ainda não é a hora certa! Aguço os ouvidos como um felino que se protege pelo poder de sua audição. Certifico-me de que ninguém se dirige para aquele recinto. Estou só! Somente eu e ele: Aquele precioso livro que mexe com cada partícula do meu corpo e faz meus músculos se retesarem pela adrenalina que me causa.
Vagarosamente toco em sua capa. Sinto-me tonta de prazer! Naquele momento não me vejo  pegando em um simples objeto de papel, mas toco nas mãos que dantes o tocaram. Encosto meus dedos trêmulos sobre sua superfície como se estivessem em contato com o peito que lhe serviram de suporte. Meu livro, meu santo mediador! Desejo usá-lo como ponte entre mim e meu amor secreto.
 Abro suas páginas como se tivesse praticando os maiores dos pecados. Estou sentindo o cheiro do perfume dele. A tentação é grande de encostá-lo sobre rosto, como se fossem suas mãos. Medo de ser pega. Não posso passar esse mico se alguém resolver entrar na sala nesta dita hora. Meu corpo treme e sinto o nervosismo me possuir. Resolvo. Com as duas mãos o seguro firmemente e começo a levá-lo em contato com meu rosto. Ouço passos e reajo pelo susto jogando o livro no sofá onde o peguei.
É ele. Não o livro, mas o dono dele e do meu coração. Desculpa-se pela demora e senta-se ao lado do objeto, pegando-o ao colo. Sento-me ao seu lado, mantendo uma distancia respeitosa: Sou moça de família!
 Ele fala tudo e eu não ouço nada. Meus olhos estão presos ao livro. Não, às suas mãos que seguram o livro. Não, ao seu braço que estão presos às mãos que seguram o livro. Aos poucos, subo os olhos e fixo, hipnotizada, aquele tórax desejado.
Sem entender nada do que ele diz, mas compreendendo bem o que sinto, peço a gentileza de emprestar-me o objeto. Ele estende-o com uma das mãos para que eu o pegue. Eu apanho o livro. Não, atrapalho-me e pego a mão dele que segura o livro. Sinto os meus dedos gelados de pavor. Escorrego-os sobre os dele num gesto rápido e nervoso. Agora peguei. Não, ele pegou minha mão que já pegara o livro. Olhamo-nos, nos medimos com os olhos, pensamos horas em fração de segundos.
O livro... Não sei onde parei a historia. Desculpe-me, não consigo me lembrar de nada.
 Ah, agora estou  com ele!  Não com o livro, mas com o dono dele e do meu coração. Seus braços me recobrem e me acho debruçada sobre o seu peito. Quanto tempo eu senti inveja daquele livro! Mas agora, finalmente, chegou a minha vez!
Alguns segundos depois, que me pareceram horas, delicadamente ele me afasta de seu corpo. Ajeita-me no sofá onde fico trêmula pelo impacto da emoção. Suas mãos  acariciam meus cabelos enquanto sussurra o meu nome. Meus olhos, dantes fechados  apreciando o sabor de suas carícias, abrem-se vagarosamente. Fito-o nos olhos e vejo aquele rosto familiar.
Não o rosto dele, mas de uma mulher que se põe a minha frente. Levanto-me de sobressalto e protesto enraivecida:
- Ah, mãe, isso é hora de me acordar?

Leila Castanha
30/04/2013




AMOR & AMAR


                                                            Amor não se ama
Apenas por dizer
Se conhece  se ama
É por tratar você
O amor que ama
Outro de coração
É amor que inflama
Não simples paixão
O amor é sofrido
Amar: lutar por quem
Com abrolhos surgidos
Sofre amando esse alguém.
Laerço  dos Santos

CONVITE À ESCOLA DOMINICAL

Nasci num lar evangélico
Ouvindo hinos cristãos
Que falavam temas vários
De Louvor à salvação

Já ouvi tocar orquestras
Cantar grupos juvenis
Corais e também louvores
Dos conjuntos infantis

Senti a graça divina
Nos cultos de oração
Almas serem redimidas
Pela evangelização

Chorei ao som de alguns hinos
Dos cantores e hinários
Apreciei belas vozes
E dons extraordinários

Porém algo incomparável
Que a meu ver não tem igual
É o inicio de um domingo
Na escola dominical

Ou mesmo se for à tarde
Ou em qualquer outro horário
Comer o santo alimento
À alma faz necessário

Ouvir histórias incríveis
Que tantas vezes ouvi
E em cada recontada
Sempre me surpreendi

Pois um dia me ensinaram,
Algum irmão ou irmã,
Que a Palavra divina
Nova é cada manhã

Assim, ouvi vezes várias
Cada vez, nova lição
Da vida de Ester e Jonas
De Davi e de Abraão

 Hoje conheço a Palavra
Graças aos meus instrutores
Que um dia expurgaram
Das dúvidas meus temores

Meu desejo, ó Escola
É ver-te em todos países
Pois tua semente outrora
Hoje em mim criou raízes

E vou pela terra afora
Do coração dos cristãos
Semeando a semente
Por meio da instrução

Convocando cada crente
A deixar o ritual
E aprender  mais de Cristo
Na escola dominical

Leila Castanha
04/2013

segunda-feira, 29 de abril de 2013

ESCOLA SANTA


Escola Santa e gloriosa
Bendito são os ensinos teus
Eficaz fonte, mui caudalosa
A emanar dos altos céus

Amo-te muito
Em ti meu mestre
Me orienta contra o mal
É o Espírito que me reveste
Em ti Escola Dominical

Farol aceso a me guiar
Nas tenebrosas trevas daqui
Tu és escola que a brilhar
Lampejas passos frágeis aqui

O teu ensino faz bem à alma
Qual água lavas o coração
Aula bendita, pois fé e calma
Mostra em cristo a Salvação.

Laerço dos Santos

Obs.: Para os saudosistas da E.B.D.ai vai a letra
do que foi o hino oficial da escola  dominical
da AD do Capão Redondo.

domingo, 28 de abril de 2013

ESCOLA SANTA E GLORIOSA!



Eu conheci alguém  amante desta causa
Apaixonado ele foi até morrer
Pois, dedicou a sua vida nesta obra
Até não mais seu coração poder bater

Amava a busca pelo estudo da Palavra
E nessa obra inspirou-se pra viver
Cristãos indoutos, com amor encaminhava
Com sua ação os inspirava a aprender

A Bíblia, norte e guia em absoluto
O ensinou amar o outro além de si
Sob seus braços carregava o Livro Santo
Com tal prazer, que um maior eu nunca  vi

Porque falarmos de heróis da antiguidade
Que sua história para nós nem é comum,
Se  nós vivemos com herói tão hodierno
Já nos meados deste século vinte e um?

Amante, pois, absoluto da Palavra
Reflexivos olhos nelas se firmavam
Anotações para lembrar-se ele fazia
Onde lições tão preciosas emanavam

Com os heróis passados hoje ele habita
Junto ao Mestre na mansão celestial
Mas seu legado perpetua ainda hoje
Gerando amantes da escola dominical.

Parafraseio o seu hino, que dizia:
gloriosa  escola é bendito o teu ensino!
Pois Fonte viva, sobremodo caudalosa
Que lá do céu emana do Mestre divino

Tu és farol a me guiar, Escola santa!
Nas trevas tenebrosas que temos aqui
Lampejas luz, nas negras trevas do pecado
E os meus passos firmas neste mundo aqui

Os teus ensinos muito bem faz para a alma
E como água purifica os corações
A tua aula é bendita, fé e calma
Alcanço em Cristo, gloriosa salvação!

Amo-te muito, Escola Santa, em ti meu Mestre
Me orienta, e livra-me de todo o mal
Porque a mim o Santo Espírito reveste
Em ti,  Escola Bíblica Dominical!


Leila Castanha
30-04-2012

Em memória do meu querido pai que me ensinou a prosseguir em conhecer a Cristo, examinando as Sagradas Escrituras.

(O hino parafraseado neste poema está registrado  na íntegra neste blog sob o tema “Escola Santa”.)


segunda-feira, 22 de abril de 2013

MAMÃE

Estou bastante nervosa
Pois não sei me expressar
Mesmo assim eu tentarei
minha gratidão mostrar

Você pra mim é ternura,
amor e muito carinho
És o mapa a me guiar
neste indeciso caminho

Tendo você ao meu lado
me encho de esperança
Porque você me traduz
Firmeza e segurança

Você é a figura central
que enche meu mundo de luz
Mas sua ação principal
foi levar-me à Jesus

Teus conselhos são mui sábios
Teu ensino é bem seguro
Teus pensamentos são lentes
visando o meu futuro

Resolves os meus problemas
trazendo a resposta à luz
Mas quando são insolúveis
conta-os para Jesus

E tudo que sei mãezinha,
devo muito à você
Por isso que neste dia
venho aqui te agradecer

Receba com alegria
Minha gratificação
Pois o que disse, mãezinha,
é de todo o coração

Agora com sua licença
eu precisarei descer
Mas deixe-me repetir:
Mamãe, eu amo você!


autoria: Leila Castanha

domingo, 21 de abril de 2013

INTEMPÉRIES



Maria das Dores...
De nome e sentimento,
Com dores nas mãos, no corpo, na alma,
Dor que sente e ninguém vê.

Lá vai, Maria das Dores,
Com dores na alma,
Pela hipocrisia dos seres,
... Sentem dor e não entendem.

Caminha Maria, com o peso dos homens,
Olhares frios e sem compaixão,
Coluna ereta, ombros levantados,
Acreditando ser, inatingíveis,
Lá vai ela, sentindo a frieza do mundo.

Lá vai Maria, com dores,
Que não se entrega,
Cada tombo renasce mais forte,
Acreditando vai...
Na regeneração do ser, que dizem Humano.

Lá vai Maria, a doce Maria,
Intempérie da vida, se refaz,
Lá vai ela, bem ao longe...
ROBUSTA, FORTE, DECIDIDA!

Liliane Castanha
14/04/2013

POR TEU LEAL AMOR



Ó minha mãe a ti eu quero agradecer
Pelos favores e por teu leal amor
Ao meditar, quando criança, que prazer
Tinhas comigo, me tratavas com dulçor!

Mamãe querida a você eu cantarei
Peço a Deus mui ricas bênçãos a te dar
Que eu possa estar sempre ao teu lado, pedirei
Mamãe, aqui, amor igual ao teu não há1

Quando dos velhos tempos fico a meditar
Do lar saudoso, do carinho que eu tinha
Dos teus conselhos, teus cuidados e doutrinar
Jamais de ti esquecerei, mãezinha minha!

Dos ternos beijos, do afago maternal
Que tu me destes em minha tenra idade
Ficou gravado em mente, quadro tão real
Mãezinha...te agradeço a lealdade!


Autoria: Laerço dos Santos

DEUS, LIVRE-ME DE PRECISAR DO SUS!


Levantei-me às cinco horas da manhã. Andei cerca de cinco minutos para apanhar o ônibus que passou quarenta minutos para chegar ao ponto.
Passageiros irritados, olhando para o relógio várias vezes, enquanto aguardavam o transporte chegar.  O motorista, também irritado pela irritação dos passageiros, que não tendo como reclamar seus direitos às autoridades máximas conformavam-se em xingá-lo, já que ali era a  máxima autoridade.
 Se alguns passageiros percebiam-se atrasados, culpavam o motorista porque era lerdo, e se o pobre infeliz acelerava, era brecado aos gritos: “Ei cara, tá pensando que tá levando gado? Vai mais divagar aí, ô”.
 Eu não sabia de quem eu deveria sentir dó: dos passageiros ou do motorista. Na dúvida, tive dó de mim mesma, que, afinal, estava enfrentando um trânsito desgraçado, ia para uma consulta médica, a qual aguardava há pelo menos quatro meses em um hospital público que era o retrato do descaso. Lá eu ainda enfrentaria uma longa fila enquanto assistiria o prédio hospitalar e as pessoas que estariam à minha volta rodando a grande velocidade, por causa das minhas terríveis crises de labirintite, motivo que me levava até aquele lugar.
Passaram-se, aproximadamente uma hora e eu, juntamente com mais um monte de rostos que vi na fila onde apanhei o ônibus, continuamos no transporte que não andava. As pernas e o assento, não do ônibus, mas o de cada um, ficava a ponto de dar cãibras devido a mesma posição que éramos obrigados a manter por falta de espaço.
O transporte popularmente conhecido como “lotação”, o nome mais verdadeiro que já puseram num transporte público, ia realmente lotado! A impressão que dava era que o bairro todo resolveu sair no mesmo dia e horário. Detalhe: Eram várias lotações que circulavam e todas faziam o nome jus. Ah, e quando falo “circulavam” é só maneira de dizer, porque no trânsito que se formava por onde tínhamos que passar era impossível algum carro se mover.
Durante o trajeto desci no meio do caminho e apanhei um ônibus que seguia pelo corredor já que as peruas (outro nome das lotações) não tinham autorização para fazê-lo.  O trânsito continuou lento, mas após longos minutos, cheguei ao fim do meu trajeto.
 Vi o hospital, mas ao descer, percebi que o ônibus não me deixou tão perto como eu esperava. A obra do metrô, feita para ajudar o povo em seu tráfego, me atrapalhou toda! Fui forçada a andar mais dez minutos, rodeando a obra até cruzar o portão do hospital.
Cheguei cansada! Ao adentrar o hospital peguei uma fila que me fez esperar mais uns dez ou quinze minutos. Ao chegar a minha vez a surpresa:
A moça da recepção, que estava com cara de mais cansada do que eu que andei pra caramba, olhou para o papel que entreguei a ela, onde constava o nome do especialista com quem eu deveria passar, e sem levantar a cabeça me disse que teria de remarcar a consultar porque o médico estava atendendo em outro lugar. Retruquei, tentando disfarçar minha raiva:
 - Mas não me mandaram vir aqui?
- Sim, respondeu ela - mas infelizmente ele está lá, então o jeito é remarcar.
A funcionária começou a remarcação enquanto eu tentava me acalmar, engolindo minha decepção.
Chegou o novo dia no qual eu deveria me consultar no novo endereço.
Cinco da madruga e eu já estava de pé. Peguei o mesmo ônibus, o mesmo trânsito, e fui à mesma consulta atormentada pelas mesmas tonturas. 
Cheguei ao local indicado. Era um consultório pequeno cheio de gente aguardando para ser atendida. Alguns pacientes estavam de pé e outros sentados. Eu e minhas vertigens estávamos de pé. Fiz das tripas coração para disfarçar meu mal estar e apoiei-me no braço do meu acompanhante. Claro, já conhecia bem o descaso dos órgãos público de saúde e sabia que não podia confiar em ir sozinha.
Passou-se cerca de uma hora desde que cheguei e alguém apareceu perguntando quem iria passar com o doutor Fulano de Tal. Eu iria. É isso aí, “iria”, porque desta vez ele se demitiu.
Ao ouvir isso, me soou como uma piada de mau gosto e eu não sabia se chorava ou rolava de rir.
Fiquei revoltada. Senti muita raiva. Estava altamente decepcionada! Voltei para casa com nova consulta marcada para dois meses depois naquele mesmo lugar.
Chegou o dia da consulta. Desta vez, dormi um pouco mais. Levantei-me às nove e meia porque só precisava estar lá às doze e trinta. Apesar do horário peguei aquele trânsito! Trinta minutos parada no mesmo lugar enquanto a condução circulava em passos de tartaruga. Cheguei ao local da consulta em cima da hora. Na portaria da clínica fui abordada por um segurança que me perguntou o que desejava ao que lhe respondi que tinha uma consulta com o médico Sicrano. Não era o mesmo da outra consulta.
 - Como assim? - Perguntou-me o segurança - ele está atendendo no hospital há dois meses.
Senti meu rosto queimar de raiva. Veio-me à mente a imagem de vários políticos nos quais votei. Senti ódio de todos eles. Vontade de gritar ao mundo o que esses bandidos legalizados estavam fazendo com o dinheiro público. Não me conformava calada e peguei emprestados os ouvidos do meu acompanhante, mas,  reciprocamente lhe cedi os meus.
Sob protesto, voltei para o hospital que ficava mais perto que a clínica onde havíamos ido. Entrei onde sempre pedia informação e como se houvesse um arrebatamento as recepcionistas desapareceram. Só havia os balcões encostados à parede. Procurei outra recepção e lá me informaram que a especialidade na qual eu iria passar ficava no portão do outro lado da rua. Passei a informação ao meu acompanhante, e sentindo-nos como dois bobos da corte seguimos para lá.
Quatro filas paralelas. Fiquei confusa. Informei-me com o segurança o qual me indicou o lugar. Eu deveria ir para a primeira fila.  
- Para quê é essa fila? – Perguntei, para certificar-me que estava indo ao lugar certo.
O guarda respondeu-me:
- Para remarcar para o otorrino.
Tentei explicá-lo:
 - Não, senhor, já tenho consulta marcada.
- Você não está marcada com a doutora Fulana? –Interrogou-me o guarda.
- Exatamente. - respondi.
Pois é, prosseguiu o segurança, os pacientes dela devem remarcar as consultas porque ela não trabalha mais aqui.
Olhei com muita raiva para o meu acompanhante que até então não sabia o que estava acontecendo, e sentindo-me muito humilhada e desrespeitada pensei:
-Por que nós que pagamos nossos impostos não temos opção de nos desligarmos de um sistema de saúde tão precário, assim como os médicos fizeram?
A moça marcou nova consulta para um novo dia. O tal dia não chegou ainda e nem sequer está perto. O problema é que para muitos esse dia nunca vai chegar porque eles já estarão muito longe dessa realidade absurda promovida por aqueles que deveriam estar nos servindo, mas que, pelo contrário, além de arrancar de nós o pouco que temos, ainda tira a única coisa que nos resta: A sobrevivência.
Sim, a sobrevivência, pois quem vive são os ricos. Para o pobre, o hospital não é lugar para se cuidar da saúde, mas apenas para fazer alguns reparos urgentes, quando a máquina do corpo está ameaçando parar de vez. E com essa velocidade de atendimento, cada vez mais haverá máquinas parando de funcionar e sendo enterradas como coisas descartáveis!
Por isso, enquanto não temos a quem apelar na Terra, vamos rogar aos Céus,  unindo-nos  em prece:
- Senhor, livra-me de precisar dos recursos públicos deste país. Amém!

Leila Castanha
04/2013


sábado, 20 de abril de 2013

O NOME MAMÃE

Minha mãe querida e meiga  que em muitas poesias sempre retratada és
Por adjetivos  belos, tão profundos e singelos que me jogam aos teus pés
Em ato de gratidão, como servo à senhora, porquanto rainha sois
Ontem, hoje e amanhã, coração e minha alma já conquistastes os dois

Não quero falar-te agora  como forma ensaiada para homenageá-la
Minha fala, mamãezinha, surge de dentro do peito que aprendeu a amá-la.
Pelos pensamentos vários que trouxe daquele tempo em que de mim tu cuidastes
Gerou em meu coração um amor tão puro e grande que jamais imaginastes

Nunca negues a verdade deste amor tão imenso que minha alma  inflama
É ele, pois, mamãezinha, que no peito a saudade mantém viva esta  chama
Ao lembrar-me de teu rosto, em teus gestos dedicados a cuidar do nosso lar
 Me reporto todo dia, quando o dever me exige  à vida eu  retornar

Viver longe de teu corpo,  sentindo o cheiro  materno quando ia ao teu regaço
Fez  meu coração gritar ante a falta sufocante de teu caloroso abraço
E em minha  alma sussurro, enquanto a mente revolta, em protesto alto grita
O teu nome, mamãezinha, para acalmar a tormenta que em meu peito se agita

 Mãe...
 Suplicante em pensamentos falo,  e as lágrimas quentes pelo rosto triste rolam
Enquanto  o rosto  molhado e a alma em pedaços tua presença imploram
A vida de adulto trouxe experiências marcantes para guiar-me ao futuro 
Mas só a tua imagem, e teu nome abençoado, são  o meu porto seguro 

Espelho-me em teus atos que quando eu pequenino estudava um a um
Resolvias meus problemas, fome, frio ou mesmo dores, todos lhe eram comum.
Bastava pra resolvê-los, chorando ou mesmo sorrindo, chamar o  teu  doce nome
E com amor salutar aquecias o meu frio ou matavas minha fome.

O meu hoje é o reflexo do meu ontem ao teu lado na casinha tão singela
Que com gestos de amores e com tua vida sábia fez a minha alma tão bela
Não assombro o meu tormento usando palavras chulas, mas num pensamento some,
Ao pensar em tua imagem, tão serena e virtuosa e ao sussurrar o teu nome

 Mãe...
Falo encolhida ao leito, tremendo ante aos medos que em mim trouxe o mundo
 Sussurro com face úmida enquanto choro a tristeza enterrada  no profundo
 Falo alto, bem audível, tentando inspirar-me em algo que me deixe acalantado
 Grito rouco, o teu nome, e volto a serenidade,  por teu amor amparado 


É justa esta homenagem a todas as mães do mundo que sua prole criaram
E com cuidado exemplar, carinho e muito afeto os seus filhos sempre amaram
Neles sempre se inspiraram e  tanto lhes desejaram de forma a lhes dar carinho
Hoje é a nossa vez, de agradecer-te mãezinha, por  nos mostrar o caminho

O caminho da ternura, da doação e do zelo, do afinco e do amor
Caminho este ensinado e tanto compartilhado por Cristo, nosso Senhor
Falta-nos até palavras para aumentar tuas honras se teu  nome todas têm
Oramos então, mãezinha, para Deus abençoá-la nos tempos que ainda vem.


Leila Castanha
04/2013


sábado, 13 de abril de 2013

O SILÊNCIO QUE FALA

 
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O ser humano necessita da linguagem
E usa a fala pra poder se expressar
É prazereirozo o poder comunicar-se
E nossa alma em frases mil compartilhar

Porém fiz uma descoberta a duro preço
Que na verdade me encheu de puro espanto
Palavra é um mero som jogado ao vento
Quando não traz ao coração um acalanto

São meros sons que dão sentido à linguagem,
cujas letrinhas bem unidas ganham graça
Mas com a mesma propensão que comunica
Ela destrói e faz enorme arruaça

São as palavras a amiga que ajuda
A transportarmos pro papel a ideia escrita
Também são elas que na boca do falante
Podem tomar uma dimensão jamais prevista

Elas são hábeis, dão sentido a nossa fala
E capacita-nos dar nomes ao que vemos
Porém se com engenho nós não a usarmos
Sentido dúbio dá àquilo que dizemos

Com as palavras dá-se à mente do ouvinte
Conexões que lhe formula os pensamentos
Mas se usá-las não soubermos sabiamente
É estopim de grandes desentendimentos

Por isso o sábio Salomão dantes dissera
Nos seus provérbios, sua ideia a exprimir:
Mais sábio pois, dizia ele em seus escritos,
É o calar-se para ater-se ao ouvir

De igual modo aprendi com a leitura
Do Livro Santo e extraí aprendizagem:
Pior que um reino que não tem um mensageiro
É o que tem um mensageiro sem mensagem

Porque há casos que o silencio é mais bem vindo
Do que falar o que a alma não concebe
Melhor pra todos é doar teu ombro amigo
Pois no falar demais o muito errar procede

Sede prudente e se despoje da arrogância
Qual Salomão, te junta, pois, aos que são sábios
Renega assim o vão falar que a nada leva
E em silêncio, pois, encerra os teus lábios

Pois o dizer não diz somente enquanto é fala
Há o ffalr que nos diz coisas bem profundas
Mas nada ganha quem palavras mil profere
Qual som vazio, sem sentido, infecundas

Leila Castanha
04/2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

PROTESTO LINGUÍSTICO



As palavras que compõem nossa Língua e põem com ela ideias mil em nossa mente (Nossa! E como mentem!). São farristas e simplesmente, trapaceiam nossa mente ignorante que, desavisada, usa nossa própria língua para reproduzir os caprichos do que dizem ser nossa Língua, que imponente e misteriosa, ri-se de nosso desconhecimento, mas através de nós mesmos enlaçam nosso pescoço com nós que nos sufocam, pelo simples prazer de alguns aliados seus, divertirem-se a nossas custas.  
A Língua subjuga nossa língua exigindo-lhe que a reproduza com autenticidade. A verdade é que não há nada de autêntico em reproduzir. Como é possível reproduzir algo de novo, se o novo só é novo se o que há não havia?
Reproduzir, cujo inicio para muitos soa ré,  sendo, portanto, “ré-produzir”, que no sotaque dá a entender “produzir para trás”. Pena que não haja tal escrita em nossa Língua, apesar de a língua de muitos a pronunciarem tão autenticamente quanto seria possível para se  adjetivar o estado da Língua Portuguesa, que pretende, sob a tutela de seus representantes, brecar seu crescimento fazendo o povo andar de ré.
Nossa Língua só será uma língua fluente se for livre, se lhe derem liberdade de criar. Se o homem, ser cultural e político, não cria, ainda que dantes cria em seu potencial, ele passará a descrer.Descrer da própria  condição de homem, que, pensante, necessita saber  do que é  capaz.
Embora, bem dissesse Aristóteles, que muito bem fez à humanidade ao deixar bem claro que saber é o saber que nada se sabe, não se pode acreditar que alguns há a creditar a Língua aos poucos eruditos, se é na língua das multidões que a Língua se faz e se expande.
O povo da plebe que de nada sabe, sabiamente nada no saber popular. Se povo é, o popular é o sábio e não os poucos que autenticaram pela gramática o que é correto na Língua. O povo sabe, porém, que reto é aquilo que se partilha, formal ou informalmente, ser reto numa sociedade democrática é ser co-reto. Sei que não há esta palavra dicionarizada, mas continua sendo a verdade, pois reto é aquilo que é justo e cuja retidão é compreendida pelo povo e não apenas por alguns.
A concepção de formal e informal ás vezes é exatamente isso: Mal!
Ambas são conjecturas vãs, visto que a verdade está clara na mente popular  que quer que a gramática arrogante vá comer grama juntamente com os que pressupõem saber os domínios da Língua, como se dela fossem donos.  O perigo do pré no supor é que quem previamente supõe dificilmente se dá ao trabalho de ouvir os que usaram a reflexão.
Reflexão é talvez, a flexão da mente, repetida várias vezes, com a finalidade de quebrar a arrogância do pressupor-se que se sabe tudo. Ela é capaz de tornar a prepotência flexível, ao segredá-la que ela é antes, isto é, pré, mas que, após já há os que, como Bagno, dá um banho de conhecimento linguístico, mostrando aos que acham que a Língua convencionada é forte por si só, que forte mesmo é o povo que com verdadeira autenticidade legitima a Língua.  
Assim sendo, os representantes da Língua precisam entender que, embora haja bem em normatizá-la na escrita, a oralidade é produção da língua de cada um, e dessa forma a primeira deve subjugar-se a segunda, porque assim como a língua sem a boca não tem valor algum, a Língua só é Língua se estiver na boca do povo.

Leila Castanha
04/2013